Ao sentar-me, frente ao meu computador, trouxe comigo uma cena que me acompanhou parte da noite. Cena que me fez imaginar detalhes interessantes. Detalhes que se estendem, entre um campo verde e um céu estrelado, em uma noite que tinha tudo para ser uma noite bem especial.
Céu estrelado
"Era uma vez... Sob um céu estrelado, um grupo de homens reunidos em um campo verde, nos arredores de Belém de Judá. Eles não estavam ali apenas passando o tempo... Ou, jogando conversa fora. Na verdade, sua presença naquele campo verde fazia parte de sua rotina de vida. Eram pastores de ovelhas. É que "havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho" (Lc. 2.8). Portanto, sua missão era guardar as ovelhas esparramadas por aquele campo verde.
Alguns deles, de tão cansados que estavam, não resistiram ao pesado sono - enrolados em seu manto e acomodados em volta do que restava de uma fogueira. Outros, se aproveitando do brilho de um céu pontilhado de estrelas brilhantes, ficaram conversando entre si; compartilhando sonhos que alimentavam o seu espírito - sobre um futuro cheio de incertezas - no qual se viam prósperos... Ou, cercados de filhos e netos... Ou mesmo, terminando os seus dias guardando ovelhas. E a conversa, em voz baixa, enquanto um e outro davam sinal de cansaço - já vencidos pela sonolência - se estenderia um pouco mais, caso não surgisse em pleno campo verde uma cena surpreendente: "Eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor" (Lc. 2.9).
Tendo como divina missão entregar-lhes sublime mensagem, "o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura" (Lc.2.10-12). Enquanto ouviam o recado de Deus - pensando no que fazer ante tudo aquilo - eis que uma nova cena os surpreende ainda mais:
E então, "no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens" (Lc. 2.13-14). Foi estonteante contemplar, em pleno céu estrelado, a uma pequena altura (dez metros... Vinte metros... Não sei) - um animada e fervorosa multidão de seres celestiais, formando um coral.
Parecia mesmo uma obra de arte! Um quadro de anjos resplandecentes com um céu de estrelas ao fundo, emoldurado por um halo de luz em toda a sua volta. Que espetáculo! E este deslumbrante coral começou a entoar uma canção tão afinadinha que inebriava os seus poucos ouvintes. Seriam mesmo poucos? Não mesmo! O universo inteiro ouvia e aclamava tão gloriosos intérpretes!
Surpresos e boquiabertos, aqueles homens aplaudiam sem parar - tal e qual meninos felizes - os celestiais cantores! "E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber" (Lc. 2.15). E assim, felizes da vida, correram aqueles humildes homens de Deus, pela estrada afora - rumo a uma estrebaria.
E como corriam os pastores, cheios de unção e temor, ao encontro do Salvador - Cristo, o Senhor - nascido em humilde manjedoura. Eles "foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura" (Lc. 2.16). Ficaram li por algum tempo, vendo o Messias.
Saindo dali, "divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita; E todos os que a ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam" (Lc. 2.17-18). Finalmente, o povo recebia daqueles pastores uma palavra sobre Jesus, sem mescla, que a todos edificava.
E assim, impactados pelo agir de Deus em suas vidas, "voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito" (Lc. 2.20). E deste modo, transformados pela visão do Salvador, aqueles homens retornaram à sua missão de cuidar das suas ovelhas - não mais como eram antes."
Lições que nos ficam
Esta história revela um tempo em que Deus podia enviar anjos ao encontro de pastores. E eu espero, sinceramente, que estejamos a viver em um tempo em que Deus também possa enviar anjos, ao encontro dos Pastores, com mensagens celestiais. Um tempo, semelhante aos dias de Belém, em que os pastores podiam sonhar sonhos de vida sem mania de grandeza; vida humilde e pacata - sem ambição por opulência - despojada de desejo obsessivo por fama e riqueza.
Segue-se o texto que inspirou este "Era uma vez":
Os pastores de Belém
Os pastores de Belém
"8 Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho. 9 E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. 10 E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: 11 Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. 12 E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. 13 E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: 14 Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens. 15 E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber. 16 E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura. 17 E, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita; 18 E todos os que a ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam. 19 Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração. 20 E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito"
(Lucas 2.8-20).
Cordialmente;
Bispo Calegari
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