terça-feira, 15 de novembro de 2011

Quebar: Rio das visões de Deus

A alguns dias atrás, postei uma história baseada na experiência de Ezequiel, em pleno deserto da Caldeia. Ela teve como título: "Quebar, fronteira entre o natural e o sobrenatural". Ao final daquela narrativa, comuniquei que estaria postando nos próximos dias uma palavra pastoral sobre o mesmo assunto. E, agora, estou cumprindo a promessa feita! 

"Quebar: Rio das visões de Deus"
"E ACONTECEU no trigésimo ano, no quarto mês, no quinto dia do mês, que estando eu no meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões de Deus" (Ezequiel 1.1)

Ezequiel estava, juntamente com um grupo de exilados, frente ao Rio Quebar. Não havia muito a dizer entre eles - posto que um abatimento extremo tomara conta de todos. Tudo poderia ter sido diferente, se os líderes espirituais e políticos do seu povo não tivessem aberto brechas espirituais e morais pelas quais os seus adversários invadiram e saquearam a nação.

Todavia, através do sofrimento experimentado por eles, às margens do Quebar; e, das visões reveladas ao profeta de Deus - vislumbramos importantes lições para a nossa própria vida. Certamente que eles deviam ter acalentado sonhos ao longo do tempo. Entretanto, os mesmos se transformaram em real pesadelo. Seus sonhos, provavelmente os mais nobres, não se conseguiram se sustentar; submergidos que foram no atoleiro da arrogância e da ganancia de seus líderes.

Contudo, restava-lhes uma esperança de mudança de rumo! É que, em Quebar, o profeta teve visões de Deus. E, no reino de Deus, a visão é mais importante do que o sonho - sendo este último respaldado pela primeira. E as visões de Deus que Ezequiel teve, sinalizam para a premissa de que também precisamos ter visões de Deus - se é que queremos ver nossa vida ser transformada; e, nosso presente antecipar o futuro.

E eu contemplo - através dos olhos de Ezequiel - pelo menos quatro visões de Deus que precisamos ter, inseridas nesta experiência sobrenatural: 

1. A visão do Deus todo poderoso
"Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42.5-6)

Se pretendemos ter uma visão clara a respeito de qualquer coisa, somente conseguiremos vê-la refletida em nossa visão de Deus. Na verdade, esta é a mais importante visão que alguém precisa ter; para as mais belas experiências com o Deus eterno.

A visão do Deus vivo levou Jó a compreender o seu verdadeiro estado - algo que não conseguira enxergar antes, mesmo com os elevados valores morais e espirituais que cultivava. A visão de Deus pode também revelar a  nossa real condição, trazendo discernimento para lidar com tudo aquilo que concerne a cada um de nós. 

2. A visão do mundo a nossa volta
"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele" (I João 2:15)

Jamais compreenderemos o perigo do mundo que nos rodeia, com suas armadilhas e loucuras, regido por leis que não são as de Deus; se não o olharmos de esguelha - sem mirar direto - contemplando-o através dos olhos de Deus.

É fato notório que, quanto mais um homem - mesmo bom crente - deixa de olhar para o Senhor, tanto mais se deslumbra com este mundo e a ele se apega. Verdade é, que a visão apaixonada de Deus tanto nos aproxima do Criador; quanto a visão apaixonada do mundo nos aproxima da beira do inferno. 

3. A visão da família
"Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra" (Atos 3:25)

Este verdadeiro "organismo" - também conhecido como "célula mater" da sociedade humana - deve se constituir em realidade primeira é última do relacionamento interpessoal dos seres humanos. A família é projeto de Deus - sobre o qual toda a humanidade está assentada. Não se pode conceber um mundo povoado por humanos, cujo projeto de família nos moldes de Deus seja descartado.

E este projeto é único em sua modalidade - sem planos alternativos. Família foi; é; e sempre será uma relação monogâmica heterossexual entre dois seres que se amam e se unem em Deus - para a consumação do projeto de Deus, conforme o texto: "Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gênesis 2:24). 

4. A visão de si mesmo
"Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal" (I Timóteo 1:15)

Um dos efeitos mais importantes e imediatos, provocado por nossa visão de Deus - é a visão que passamos a ter de nós mesmos. Fato é, que, ao contemplarmos a beleza de Deus, nos damos conta da nossa fealdade. É que, sem nos darmos conta disso, tentamos as vezes disfarçar nossa feiura interior - camuflando-a com belos penteados; belas roupas, ou belas maquiagens.

É verdade! As vezes, a beleza física ou aparente pode nos impedir de perceber aquilo que somos por dentro. Daí a necessidade de uma visão de Deus. E então, ao nos mirarmos no espelho da santidade de Deus, percebemos o nosso nível de imperfeição.

Quando ficamos entretidos - nos admirando e nos deslumbrando com a nossa própria imagem aparente - corremos o risco de nos tornarmos narcisistas. Todavia, este risco não ameaça aqueles que mantém os seus olhos fitos em Deus e em Sua beleza sem máscara.

E, deste modo, quando um cristão consegue chegar as margens do "Quebar - o rio das visões de Deus"; ele acaba por encontrar o pleno conhecimento de si mesmo e de tudo aquilo que gira em torno de si. E ali - rendendo-se incondicionalmente ao Deus que tudo vê e que tudo revela - descobre o verdadeiro significado da existência humana. "Quebar" é um bom lugar para o cristão confrontar o seu próprio ser, mediante a visão do Deus que transforma.

Cordialmente;
Bispo Calegari

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