Querido Pai celeste; hoje estou chegando ao lugar de oração, arcado por um peso que anda comigo não é de hoje. É que desde minha decisão por Jesus, ouvi com nitidez que eu seria um pastor de almas. Com o passar do tempo, me certifiquei de que não era apenas um sentimento desprovido de virtude; pois isso é o que tenho feito ao longo de todos estes anos. Todavia, o que nunca imaginei é que viria a ser pastor de pastores - o rebanho mais difícil de se pastorear - algo que, em minha unção de bispo, venho fazendo a mais de vinte anos. Talvez seja este o peso que verga meus ombros; pois vejo o modo como ovelhas são pastoreadas por um tipo de pastor nem sempre consciente das responsabilidades inerentes às prerrogativas de tão honroso cargo e ocupação. Sei que não são todos (se assim fosse, seria o caos); mas, mesmo em minoria, este segmento me aflige.
Ao observar a igreja brasileira; vejo certos pastores atribuindo às ovelhas, obrigações em nome de direitos que julgam ter (como se uma lei ou necessidade pudesse ser motivo para justificar pretensões abusivas); sem pensar nos efeitos que tais atitudes podem causar em um frágil rebanho carente de pastoreio. Então, sua primeira palavra não é de doação de sua própria vida em prol das ovelhas às quais foi enviado; pois suas primeiras comunicações são sobre a necessidade de uma boa casa e de um bom salário (como se um rebanho existisse para garantir boa qualidade de vida a um pastor). Não estou querendo dizer com isso, que o obreiro não seja digno de seu sustento e moradia; pois sei que Teus servos vivem do ministério e que por ele são mantidos. Todavia, o que aflige é o fato de ser este o principal assunto de sua pauta administrativa.
Todavia, é raro ver este tipo de pastor buscar nesta mesma lei, as obrigações inerentes à sua missão; tais como: Visitar ovelhas carentes; fortalecer ovelhas fracas; buscar ovelhas afastadas; doar de seu bolso algum auxílio a ovelhas que passam por privações; tratar com paciência e respeito ovelhas desajustadas e rebeldes; enfim... Assumir até risco de vida ao lutar em favor de crentes assediados por lobos vorazes e falsos mestres; que vivem a procura de ovelhas indefesas e carentes de um pastor atento. Nem mesmo obrigações administrativas (locais, regionais e gerais) conseguem cumprir com eficiência. E assim, meu Senhor; não existe um ano em que não chegue ao meu conhecimento, informações sobre este tipo de conduta. E ainda pior: Os que assim procedem, justificam sua desatenção ao rebanho, alegando falta de tempo - o que, infelizmente, não é verdade.
Este texto da bíblia deveria ser objeto de análise e de preocupação de todo pastor levantado por Deus: "Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o SENHOR. Portanto assim diz o SENHOR Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes; eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o SENHOR. E eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão. E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o SENHOR." (Jeremias 23.1-4). Além deste texto, devemos dar especial atenção aos ensinos de Jesus quanto ao ministério pastoral, em João 10.
Cordialmente;
Bispo Calegari
Bispo Calegari
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