segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Zelo submerso em amor


Nesta madrugada, bem mais cedo que de costume, me estendi perante o Pai. Poucas vezes chorei tanto como hoje! Especialmente, por pensar no quanto o zelo humano - mesmo pleno de boas intenções - pode se tornar instrumento de morte para vidas incapazes de suportar os rigores de um zelo exercido sem misericórdia. Meu Deus... Como chorei! E, pensei comigo: Jamais devo utilizar o meu zelo, sem antes submetê-lo a um banho de misericórdia. Algumas vezes, ao conversar com um obreiro - mesmo dentre os que são reconhecidamente bons - percebo o quão difícil é, para muitos, entender que o nível do amor de Deus em nós, deve estar sempre acima do nível do zelo sagrado que nos move em meio às ovelhas pelas quais Jesus morreu. Porque, afinal de contas, a salvação de uma vida é bem mais importante que a honra da própria igreja à nós entregue.
 
Fiquei a pensar no zelo de Deus. E se Deus nos tratasse consoante o Seu zelo? Creio que não estaríamos mais neste mundo, ou, em outro qualquer lugar que fosse belo e venturoso. E, ao pensar no zelo de Deus, fui levado a entender dois pontos que podem ajudar os zelosos de plantão: 1) Entendi que o zelo de Deus é abrandado pelo grande amor que nos dedica; ao ponto de suportar nossas injúrias e desvios, tão somente por nos amar tanto. 2) E, compreendi o real sentido da expressão que Jesus utiliza, quando declara que o zelo da casa de Deus o consumia. Então, lamentei o fato de que, alguns, pelo fato de exercerem seu zelo sem amor, levam ovelhas a serem consumidas. Finalmente, entendi que apenas o zelo submerso em amor e misericórdia pode nos levar a dar a vida por uma ovelha, mesmo que ela seja a mais rebelde do rebanho sob os nossos cuidados pastorais.
 
Sou constantemente abençoado com as orações feitas pelo Senhor Jesus. E esta oração, em especial, representa o elevado nível de doação de Jesus em favor de Suas ovelhas: "Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse." (João 17.12). Se pararmos para pensar no modo como Jesus se dirige ao Pai - fazendo referência ao fato de ter guardado as ovelhas que recebeu para cuidar - podemos concluir que Ele reconhece a guarda de uma ovelha do Seu rebanho como prioridade absoluta. Portanto, não acredito que Ele aceite como normal - ou mesmo premie - um procedimento diferente daquele por ele adotado, por parte daqueles que receberam a sagrada responsabilidade de guardar Suas ovelhas por procuração.
 
Cordialmente;
Bispo Calegari

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