A tempos atrás, em conversa com um Pastor; este, referindo-se a um determinado irmão, manifestou suas reservas quanto aos conflitos vividos pelo mesmo. Segundo o seu sentimento, este irmão pode vir a tomar atitudes nocivas no futuro, acarretando perda e sofrimento; repetindo exemplos que nos frustraram no passado. Segundo o seu modo de ver, é necessário tomarmos cuidado com pessoas assim. Então, respondi-lhe que este é sempre um risco que temos que correr e um preço que temos que pagar; quando procurados por alguém em busca de ajuda ou conselho. Não não devemos negar auxílio àqueles que, oprimidos ou deprimidos, trazem a nós a sua dúvida ou desespero.
Enquanto conversávamos sobre isso; em meu íntimo eu recordava ocasiões em que fui golpeado por pessoas a quem ajudei; as quais - valendo-se da confiança depositada por mim em sua pessoa - traíram essa confiança e me trouxeram prejuízo e sofrimento. Em tais ocasiões, cheguei a pensar em olhar com reserva e desconfiança a todos os que de mim se aproximassem. No entanto, pensei: "Se eu agir deste modo - movido por precaução excessiva - corro o risco de me tornar igual aos que assim procedem; e, poderei trair a confiança de alguém que, procurando minha ajuda com motivação sincera, não se sentiu acalentado com minha atenção". E sinto-me bem na escolha que fiz.
Finalmente, cheguei à conclusão de que o prejuízo de perder alguém que frustrou a nossa confiança é sempre menor do que o prejuízo de frustrar alguém que recorre à nós, em busca de nossa ajuda; ou, até mesmo, a nos oferecer sua ajuda e amizade. Se não discernirmos, podemos - com o nosso preconceito - levar alguém assim a se sentir traído. Então, à menos que alguém já tenha claramente demonstrado não ser de confiança; não devo vedar a quem de mim se aproxima, a oportunidade de caminhar, servir e crescer comigo; pelo simples fato de o mesmo despertar em mim desconfiança sem fundamento. Afinal, esta atitude pode ser vista pelo próprio Deus como "juízo temerário".
Quanto a julgamento, encontramos este versículo na Bíblia: "Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor." (I Coríntios 4.5). E nele, fica claramente definido que existe um tempo de julgamento; no qual, as coisas ocultas e tenebrosas serão sentenciadas, sob o foco da luz que Jesus irá trazer. Todavia, não é de hoje, tenho notado que inúmeros cristãos vivem sempre a nutrir desconfiança para com os outros; apressando a julgar alguém por qualquer acusação feita contra este; ou por supostas palavras reprováveis a este atribuídas.
Cordialmente;
Bispo Calegari
Bispo Calegari
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