"15 E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui. 16 Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância; 17 e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos. 18 Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens; 19 e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te. 20 Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? 21 Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus" (Lucas 12.15-21).
Ontem pela manhã, antes de viajarmos, procurei por em ordem as postagens sobre o "giro episcopal pela II Região". É que estivemos, neste fim de semana, nos Municípios de Serra e Linhares - ES. Foram experiências maravilhosas! De grande valor para o projeto de expansão da II Região. Entretanto, aconteceu algo que me levou a transferir esta postagem para amanhã.
É que, na viagem que Célia e eu fizemos ontem - de Vitória para Belo Horizonte, aconteceu um fato que mudou um pouco a nossa rotina. Vínhamos, como sempre fazemos, conversando sobre os mais diversos assuntos (geralmente, os temas de nossas conversas à dois focam a família, a II Região e seus desafios, o propósito de Deus para com as nossas vidas... Coisas desse gênero).
Ao chegarmos nas proximidades da cidade de João Monlevade, Celia sentiu o desejo de dar uma paradinha no "Graal" ali existente. Foi uma parada ligeira. Ela - como sempre gosta de fazer - tomou um cafezinho expresso, enquanto eu fiquei olhando umas coisinhas. Saímos tão rápido como chegamos. Alguns quilômetros à frente (a cerca de 50 km de BH), percebemos o trânsito parado: É que houvera naqueles instantes um grave acidente. Eram pouquíssimos carros à nossa frente, em um engarrafamento que foi crescendo - de ambos os lados da rodovia, até chegar a vários quilômetros (ficamos ali cerca de duas horas e meia).
Deixei Célia no carro e me dirigi até o local do acidente. Lá estavam os dois carros envolvidos - Uma saveiro e uma fiorino. Um dos veículos, em plena curva fechada, resolvera ultrapassar; e chocaram-se de frente. Cena triste. Os dois motoristas estavam vivos; mas bastante feridos. O motorista - provável causador do acidente, foi retirado das ferragens e colocado deitado no chão, enquanto aguardava os primeiros socorros. O outro motorista teria que ser retirado pelos bombeiros, pois estava preso entre as ferragens.
Célia e eu ficamos conversando com outros motoristas, sobre o perigo das rodovias - especialmente aquela rodovia. Célia, com seu pacote de biscoitos dietéticos, oferecia a um e outro daqueles com quem conversávamos; e ouvimos o ruído do helicóptero dos bombeiros, que chegava para providenciar o resgate dos feridos. Um carro dos bombeiros chegou, com ferramentas para cortar o outro veículo; e retirar a vítima de entre as ferragens. E os dois motoristas ainda conseguiam conversar; informando como se sentiam, onde doia mais, etc.
Enquanto o helicóptero alçava voo com um dos feridos, o outro recebia os cuidados para também ser removido. Havia muita impaciência em vários motoristas; aqueles que ficam buzinando, apressados, enquanto o resgate estava em andamento (é que os mais distantes não se davam conta do que estava acontecendo ali). De repente, enquanto os paramédicos aplicavam os primeiros socorros, aquele ferido que ficara começou a enfraquecer. Foi impressionante ver a luta dos socorristas, tentando reanimá-lo com massagens cardíacas. Mas, havia uma hemorragia interna, e sua vida se esvaiu, juntamente com o sangue que vazava de artérias rompidas por dentro. E aquele homem partiu para a eternidade.
Durante aqueles momentos, dois pensamentos me assaltaram: O primeiro - com relação ao moribundo, me alertava quanto a fragilidade da vida. Alguém cheio de sonhos e de afazeres, acabara de partir; e sem ter tido, ao menos, o tempo suficiente para se despedir dos seus queridos. O segundo pensamento - com relação a nós mesmos, me fazia crer que aquela súbita parada no "Graal", pedida por Maria Célia, provavelmente impedira que as vítimas fôssemos nós. Comecei a pensar no tempo gasto e no momento em que o desastre ocorreu. Pensei comigo: "Deus nos livrou de uma tragédia".
Cheguei a comentar com Célia: "Filha, alguns obreiros se preocupam conosco; achando até que precisaríamos de um motorista. Mas os desastres acontecem também com motoristas que conduzem alguém" (lembrei-me de Juscelino - o inesquecível presidente do Brasil, que morreu em um desastre na via Dutra; sendo o seu carro conduzido por seu motorista particular). Conheço muitos outros casos semelhantes. E agradecemos a Deus por Seu cuidado para conosco!
Chegamos em casa três horas mais tarde (por volta das 21 horas). Bastante cansados; mas gratos a Deus, porque o Seu cuidado supera as mais importantes medidas preventivas, que visam a nossa segurança e bem estar. Esta postagem não encerra este assunto. É que Deus nos levou a uma profunda reflexão; especialmente quanto ao modo da viver e agir de alguns obreiros. Os quais parecem não perceber que nos aproximamos - a cada dia - Daquele a quem haveremos de dar contas dos nossos atos e palavras. Misericórdia!
Cordialmente;
Bispo Calegari
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