"Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse" (v.1)
Este texto (João 17.1-24) é também conhecido como a "oração sacerdotal". Com esta oração, Jesus finaliza o sermão que pregara. Portanto, ela é o desfecho do mais profundo sermão pregado por Jesus. O sermão do cenáculo ocupa cerca de 1/4 do evangelho de João (capítulo 13 ao 17). Ao final deste glorioso sermão, a Palavra de Deus diz que - depois de falar - Jesus levantou os olhos ao céu e orou. Esta oração tem três objetivos principais: A exaltação do Pai; a afirmação de sua autoridade "sobre toda a carne"; o testemunho de que é o único salvador; e a intercessão em favor daqueles que o Pai lhe entregara.
Esta sublime oração coloca perante os nossos olhos um testemunho inigualável de amor e compaixão. Na "oração sacerdotal" Jesus revela a dimensão do Seu sacrifício em favor dos perdidos; movendo "os olhos do Pai" em direção aos mesmos. Aqui fica patente a missão de Jesus: Salvar os perdidos! Em outro texto, ele declara que "o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lucas 19.10).
Se observarmos atentamente esta oração de Jesus, iremos aprender como interceder:
"Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer" (v.4)
Na intercessão, devemos estar prontos a proclamar a principal razão da nossa existência terrena: que é glorificar o Deus eterno. Outra razão, é lutar em oração; intercedendo pelo que estamos fazendo. Devemos também, interceder pelo permanência daquilo que conseguimos finalizar.
"Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste; e guardaram a tua palavra" (v.6).
Na oração deve constar o nosso compromisso com a proclamação do nome do Senhor aos homens. E devemos levar conosco, em oração, a convicção quanto ao fato de que Deus nos entregou pessoas, para estarem sob os nossos cuidados. Pessoas pelas quais, um dia, haveremos de dar contas a Ele.
"Porque eu lhes dei as palavras que tu me deste" (v.8)
Também devemos, na oração, declarar que não temos nada de nós mesmos a oferecer aos homens. E que a palavra que ministramos é aquela que recebemos de Deus; a qual não pode ser misturada com doutrinas de homens ou de demônios. Devemos abrir mão de tudo aquilo que possa comprometer a essência da mensagem, mesmo que seja algo aparentemente correto.
"Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me tens dado, porque são teus" (v.9)
Quando oramos, precisamos saber que o objetivo principal da nossa intercessão, são aqueles que Deus confiou à nossa guarda. Um pastor de almas, precisa ser um intercessor por excelência em favor de suas ovelhas. E - quanto mais fracas e problemáticas - mais ele precisará interceder em favor delas. Ele deve ter sempre em mente que um dia terá que responder por cada um daqueles que ficaram sob seus cuidados pastorais. Sua missão maior não é viver "procurando pecadores ou culpados" entre os membros do seu rebanho; mas cuidar de todos com amor e desvelo.
"Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo" (v.14)
Outra coisa que o intercessor precisa saber, é que o mundo odeia aqueles que são do Senhor. Portanto, o verdadeiro intercessor deverá manter constante cobertura de oração pelos mesmos. O pastor em linha com este princípio, deve evitar promover a divulgação de "fofocas" sobre membros do seu rebanho. Um pastor assim, jamais ficará à favor do mundo e contra suas ovelhas. É lamentável quando um pastor começa a atuar como uma espécie de "advogado do diabo", tornando-se no maior adversário contra as ovelhas que Deus lhe confiou.
"Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade" (v.17)
O intercessor deve orar sempre pela santificação do povo de Deus. E deve também ministrar a Palavra de Deus para o crescimento de suas ovelhas. Existem armadilhas contra os filhos de Deus em todos os setores de atividade. Todavia, quando um pastor intercede pelo seu rebanho; o mesmo se sente fortalecido e motivado, para fugir das "astutas ciladas do diabo".
"E por eles eu me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade" (v.19 )
Quando um intercessor é consciente de sua responsabilidade, ele procura se santificar a cada dia, para não constranger nem expor aqueles que confiam nele - para que não seja motivo de enfraquecimento e desânimo daqueles que o conhecem como um homem de Deus. É fato notório que a santidade de um homem de Deus, acaba se tornando referencial de santidade para aqueles que com ele convivem.
"E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim" (v.20)
Outro fator de grande importância, no ministério de um intercessor, é dar cobertura de oração também aos que Deus irá salvar, mediante o trabalho realizado pela igreja. Portanto, nossa oração deve ser em favor daqueles que o Senhor nos entregou como ovelhas; e também por aqueles que estão sendo evangelizados e influenciados pelo testemunho do povo de Deus.
"Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado" (v.24)
Um verdadeiro pastor vive sempre em oração, para que o melhor de Deus se estenda aos membros do seu rebanho. Suas orações são sempre direcionadas em prol do bem-estar das ovelhas. O seu ardente desejo é que aqueles que Deus entregou aos seus cuidados pastorais, sejam abençoados com as mesmas bênçãos que ele costuma receber de Deus.
A mais sublime missão
O Senhor Jesus, em meio a intensa oração que fazia, fez uma colocação de incalculável valor: "Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura" (v.12).
Para um melhor entendimento quanto ao texto, devemos examiná-la sob dois aspectos: Em primeiro lugar, Jesus afirma que guardou aqueles que o Pai lhe entregou, enquanto esteve com eles. Sua oração nos leva a entender que somos responsáveis por aqueles que nos foram confiados pelo Senhor, enquanto estiverem sob a nossa guarda. Em segundo lugar, Jesus declara que, dos que lhe foram entregues, nenhum se perdeu, exceto o "filho da perdição", "para que se cumprisse a Escritura".
A Palavra de Deus nos ensina que uma das missões mais importantes, a ser cumprida por alguém chamado por Deus, é procurar conduzir à Cristo tantos quantos puder influenciar ao longo de sua vida. Paulo declara nas Escrituras, que nós somos "o bom cheiro de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem" (2 Coríntios 2.15). Este texto indica que aqueles que vivem sob a influência do nosso trabalho - tanto os que são salvos mediante o nosso ministério, como os que se perdem por não aceitarem o nosso testemunho - acabam ficando marcados por aquilo que fazemos em favor deles.
Cordialmente;
Bispo Calegari
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