sábado, 29 de novembro de 2014

Relação conturbada


Enquanto eu ainda orava, o meu espírito foi tomado por um sentimento que me surpreendeu... Algo que nunca me incomodou tanto como nesta manhã. É que o Senhor me fez ver o quanto perdem aqueles que não conseguem coexistir, de forma mansa e pacífica, com seus familiares e amigos. Enquanto eu refletia, me dei conta de que este tipo de relação conturbada é mais comum do que pensamos. Não é de hoje, penso que - nas relações mais importantes que estabelecemos na vida - Deus está em primeiro lugar; em segundo lugar os familiares; em terceiro lugar os amigos. Ocorre que, para cultivarmos um bom relacionamento, precisamos manter um nível de procedimento que motive e amplie o bom estado destes relacionamentos. Quantas vezes, perdemos um bom amigo ou afastamos um ente querido; por não sabermos suportar os atritos comuns entre pessoas próximas.
 
Familiares e amigos são tesouros que precisamos guardar com muito carinho e atenção. Logo, devemos poupá-los de nossos surtos de ira ou distúrbio de qualquer natureza. Sei que este tipo de cuidado nem sempre é fácil; as vezes, por não suportarmos um pouquinho mais o rigor de nosso próprio temperamento, acabamos com bons relacionamentos e amizades. Então, precisamos muito da graça de Deus, associada a uma boa ajuda de nós mesmos, para pouparmos as pessoas que nos amam, de nossos destemperos ou comportamento iracundo. Familiares e amigos são dádivas de Deus que precisamos saber cultivar e preservar; respeitando o seu direito a privacidade, evitando sobrecarregá-los com os problemas nossos de cada dia. Digo isto porque, muitas vezes, o limite que encerra um ciclo de amizade está próximo ao seu nível de transbordo, sem que percebamos.
 
Ao lermos esta parábola de Jesus, logo percebemos que ela não é de simples interpretação:
 
"E dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha.Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinqüenta. Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito. Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele."
(Lucas 16:1-14)
 
No entanto, ela nos ensina que amizades verdadeiras valem mais do que riquezas temporais.
 
Cordialmente;
Bispo Calegari

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