Em nosso XV Concílio regional, tivemos uma reunião com os pastores e obreiros da II Região, na tarde de sábado, na qual refletimos sobre
três estilos de ministério (se é que podemos chamá-los assim) encontrados no Antigo Testamento. Estes três estilos se manifestam ao longo de toda a história da Igreja, causando pesadas e dolorosas baixas entre o povo de Deus.
São três tipos de pastores: O pastor acomodado; o pastor ganancioso; e o pastor agressor. Em uma abordagem objetiva sobre este tema, em postagem anterior, pensamos ter explicado com clareza a nossa visão deste assunto. E conclamo a "Igreja do Senhor" a que ore com insistência, pedindo ao Senhor que livre Sua Igreja deste mal!
Já nesta postagem, dirigindo-me de um modo especial aos pastores e obreiros da Igreja Metodista Wesleyana, sinto a necessidade de dizer duas coisas sobre o ministério pastoral; pois, este é o foco desta mensagem:
A primeira coisa a ser dita
Pastor algum deve se iludir, procurando em modelos de conveniência um estilo de ministério que o faça prosperar na missão. A todos aqueles que procuram encontrar um perfil de ministério que promova o seu desempenho pastoral, afirmo aqui - EM GRANDES LETRAS, - que no tocante ao ministério pastoral, só existe um MODELO PERFEITO a ser imitado: E ele se chama JESUS!
Aqueles que querem ser pastores bem sucedidos, devem ouvir a voz de Jesus quanto a isso, através deste texto:
"(11) Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. (12) Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vendo vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. (13) Ora, o mercenário foge porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas. (14) Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem" (João 10.11-14).
"Eu pois apascentei as ovelhas destinadas para a matança, as pobres ovelhas do rebanho. E tomei para mim duas varas: a uma chamei Graça, e à outra chamei União; e apascentei as ovelhas" (Zacarias 11.7). Jesus proclama, através da voz do profeta, que seu ministério pastoral é exercido com o auxílio de duas "varas", indispensáveis para o bom êxito do ministério de qualquer obreiro que se sinta chamado para o ministério pastoral: GRAÇA E UNIÃO!
A segunda coisa a ser dita
A grande verdade é que o sucesso no ministério pastoral tem muito mais a ver com unção do que com qualquer outro recurso. E pretendemos aqui, mediante resumida reflexão, conceituar
"unção de dentro" e "unção de fora". Portanto, aquilo que se segue está baseado em algo que Deus me mostrou.
Dois exemplos a serem apresentados
1. O primeiro exemplo é o daquele pastor que, para qualquer lugar ao qual é enviado a exercer seu ministério, as coisas fluem maravilhosamente bem. Ele é capaz de transformar o mais terrível deserto em uma terra de mananciais, flores e frutos. Sua vida, por onde passa, deixa marcas inesquecíveis do mover de Deus através do seu ministério.
2. O segundo exemplo é o daquela igreja que exibe alegria contagiante e vida admirável. Seus membros demonstram felicidade, sejam quais forem as circunstâncias que os rodeiem. É uma igreja que, quando cultua, a unção transpira e os milagres acontecem. Ela é tão iluminada que qualquer obreiro que a visite, sente logo o desejo de pastoreá-la.
entretanto, o que a grande maioria dos obreiros talvez desconheça, é que estes são dois casos distintos; O primeiro exemplo tem a ver com a "unção de dentro" (estado do pastor). O segundo exemplo tem a ver com a "unção de fora" (estado da igreja). Como entender isso, então?
A questão é a seguinte
O primeiro caso, refere-se ao obreiro que recebeu de Deus a "unção de dentro". Portanto, esta é a unção que flui do interior de um obreiro chamado por Deus para o ministério. Ela flui de dentro para fora - como águas cristalinas - e satisfaz a sede das ovelhas que por ela são atingidas. Esta unção não depende de lugar favorável para se manifestar.
Ou seja: Não é o lugar que faz esta unção; esta unção e que faz o lugar.Temos como exemplo de homem marcado pela "unção de dentro", o Salmista Davi - o suave pastor de Israel. Por onde andava, mesmo quando em fuga, conseguia levar conforto e alegria aos que o acompanhavam e aos que ele encontrava ao longo do caminho. O deserto florescia, a medida em que aquele homem de Deus se movia. O mundo a sua volta era tremendamente impactado pela unção que fluía do seu interior.
Já o segundo caso, se considerarmos a relação de causa e efeito, refere-se a uma igreja viva e ungida que recebeu a "unção de fora", mediante o trabalho de um pastor transbordante da "unção de dentro". Portanto, quando encontramos uma igreja cheia de vida e de unção; cheia de alegria e comunhão, podemos ter a certeza de que
a mesma transpira a "unção de fora", que se alimenta e sobrevive mediante o fluir da "unção e dentro" do seu pastor.
Ainda a relação de causa e efeito
Duas coisas interativas acontecem, nesta relação de causa e efeito:
Na primeira, um pastor que possui a "unção de dentro" é enviado a pastorear uma igreja em crise, quase morta. Depois de algum tempo, o quadro de saúde daquela igreja começa a mudar. Dependendo do nível da "unção de dentro" daquele pastor, aquela igreja pode vir a tornar-se uma grande e próspera igreja. Seu crescimento começa a causar admiração naqueles que a conheciam no estado anterior. A "unção de fora" nela existente, começa a ser, inclusive, objeto de estudo e avaliação.
Já na segunda, a igreja tem o seu pastor substituído por um outro pastor. O novo pastor, ao chegar, se deslumbra com a unção de sua nova igreja. Sente-se feliz por pastoreá-la. Acredita que Deus o "premiou". Enfim, não cabe em si de tanta felicidade! Só que, aos poucos, ele começa a perceber que aquela igreja está mudando. A comunhão vai se enfraquecendo; a alegria vai diminuindo; o fervor já não é o mesmo; a frequência em declínio... "O que terá acontecido" - pergunta-se este pastor a si mesmo. É provável que ele comece a procurar "motivos" para tamanha mudança: "Existe irmãos em pecado" - denuncia; "o povo já não quer nada" - esbraveja; etc. etc.
Todavia, o que ele não consegue entender é que a falta da "unção de Dentro" em sua vida, está matando aos poucos aquela outrora feliz igreja. E não adianta tentar aplicar "tratamentos de choque" (trazer cantor; trazer avivalista; promover campanhas; etc). Sem a "unção de dentro", tudo irá de mal a pior. E ao ser transferido dali, provavelmente, deixará ao seu sucessor uma igreja raquítica, doente, a beira da morte. E este quadro só poderá ser mudado, mediante o envio de um pastor com a "unção de dentro"; o qual reverterá o estado de ruína daquela infeliz igreja.
Sei que o fato de um pastor sem a "unção de dentro" receber uma igreja plena da"unção de fora" não será capaz de produzir mudança no mesmo. A Bíblia relata que Saul profetizou entre os profetas, embora não tivesse a "unção de dentro". Mas depois daquele momento, tudo voltou a mesmice de sempre (provavelmente, sua profecia era desconexa, sem sentido). É evidente que a "unção de dentro" pode promover o reflorescimento de uma igreja sem vida e alegria. Todavia, a "unção de fora" será incapaz de gerar "unção de dentro" em um pastor desprovido deste recurso sobrenatural.
Para concluir esta reflexão, quero aqui apresentar dois quadros, baseado na experiência de Ezequiel no vale de ossos secos:
O primeiro quadro: um pastor chega a uma igreja que parece um "vale de ossos secos". Todavia, mediante a palavra profética que flui pela "unção de dentro", ele consegue transformar aqueles ossos secos em um exército de guerreiros.
O segundo quadro: um pastor chega a uma igreja que parece um exército de guerreiros. todavia, devido a falta da "unção de dentro", ele acaba por transformá-la em um "vale de ossos secos".
E quanto a você, meu amado e querido pastor: Já procurou verificar se possui, de fato, a "unção e dentro"?
Cordialmente;
Bispo Calegari