Pai, que privilégio eu tenho; de poder estar prostrado no lugar de oração. E, por mais que eu frequente este lugar - não tantas vezes como eu devia - sempre me surpreendo ao me aproximar dele! Algumas vezes, é como seu eu subisse um alto monte para nele estar; outras vezes, como seu eu mergulhasse em um mar revolto ou caminhasse em um deserto, para encontrá-lo. No entanto, percebo que o lugar está sempre perto - uma espécie de "perto/longe". Mas, não importa! Por mais difícil que seja minha chegada, sinto que o tempo para quando nele me encontro; e que tudo muda quando dele saio. Estando ali, me dou conta de que tudo aquilo que levo ou que pretendo, se reduz a uma Presença. Enfim, percebo que Tua presença é que dá sentido ao lugar de oração! Nele, ante Tua face, tudo deixa de ter a importância que parece ter; pois, apenas Tua presença e Tua voz, ali, são importantes.
Enquanto eu me curvo diante do Senhor, me dou conta de que toda a discussão em torno da Verdade perde o sentido, quando a Verdade está diante de mim. Não uma definição ou conceito sobre ela; mas, a Verdade que - mesmo sendo Deus - se revela em forma humana. O mais humano dos homens; o único Deus entre os deuses. Então, sou lembrado que Pilatos - a perguntar sobre a verdade - nem imaginava que estava diante dela, em pessoa; perante a qual estará um dia, para ser finalmente julgado. Verdade que homem algum pode definir - por mais santo que seja - pois a única definição aceita é a que provém do Céu; conforme foi revelada a Pedro o discípulo tornado apóstolo. Portanto, não me preocupo em demasia sobre o que os homens - mesmo os que se julgam Teus - dizem sobre a verdade ou sobre a fé. Pois, minha preocupação maior é estar em Tua presença e fazer Tua vontade.
Na presença de Deus, tenho aprendido que o único modo de nos inteirarmos da revelação da Palavra é nos deixando encher do Espírito Santo. Penso
que o testemunho de Paulo, expresso nestes dois textos, deve ser levado
em alta conta por todos nós pregadores: "Porque nós não somos, como
muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com
sinceridade, como de Deus na presença de Deus." (II Coríntios 2.17).
"Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando
com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos
à consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação
da verdade." (II Coríntios 4.2). Somente cheios do Espírito, teremos condição de pregar a verdade sobre a Verdade. Se vivermos na presença de Deus, nossa
pregação será bem mais sagrada e muito menos confusa.
Cordialmente;
Bispo Calegari
Bispo Calegari