sábado, 27 de março de 2010

Tão perto da bênção - tão longe de Deus (Parte II)


"Achava-se ali um homem que, havia 38 anos, estava enfermo. E Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são? Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim. Disse Jesus: levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar. E aquele dia era sábado." (João 5.5-9).


Como os amados irmãos devem ter notado, procuramos apresentar alguns destaques na primeira parte da reflexão: Por exemplo, o palco dos milagres (o tanque de betesda); a causa dos milagres (a presença de um anjo); o sinal da presença (o movimento das águas); os possíveis equívocos (uma pedra jogada, casualmente ou intencionalmente, nas águas); a multidão ávida por milagres (todos na esperança de chegarem primeiro).


No entanto, o ponto fundamental desta reflexão é o aparente estado daquele homem enfermo. Observando o seu estado, percebemos três detalhes interessantes:
1. Ele estava bem perto da benção, a ponto de poder alcançá-la se não fosse impedido por grave deficiência física;
2. Ele tinha como foco o movimento das águas; e buscava em homens o apoio para alcançar seu objetivo;
3. Ele estava tão longe de Deus, a ponto de não perceber quando Jesus se aproximou dele. Resumindo: Deus estava perto dele; mas ele estava longe de Deus.


Se considerarmos atentamente o estado de muitos em nossos dias, mesmo dentre os que se dizem "cristãos de carteirinha", vamos perceber que a situação não é muito diferente. Alguns chegam até mesmo a ter uma postura exatamente igual. Vejamos alguns casos semelhantes:


Existem aqueles que estão sempre olhando a água; esperando o seu movimento; passivos, como que hipnotizados, em sua contemplação do espelho d'água. Vivem sempre mergulhando, mas frustrados para não serem contemplados com o pretendido milagre. Correm constantemente o risco de serem traídos por uma ilusão de ótica (como as vezes ocorre conosco, quando nos olhamos no espelho e o mesmo parece mover-se), ou mesmo por um movimento causado pelos mais diversos motivos.


Existem também aqueles que estão sempre atribuindo suas perdas e impossibilidades a outras pessoas. Sempre dizendo que: "ninguém me ajuda"; "não há alguém que se preocupe comigo e me carregue"; "estou ficando prá trás"; "outros têm mais sorte", etc. etc. etc. O que ocorre é que, na maioria das vezes, as nossas dores e frustrações parecem doer menos quando procuramos um culpado do lado de fora (quando, na verdade, o culpado está dentro de nós mesmos). Se, ao invés de procurarmos entre as pessoas o culpado pelo nosso infortúnio, procurássemos olhar o espelho da nossa própria consciência, veríamos então o rosto do verdadeiro culpado refletido ali.


Existem igualmente aqueles que, absortos em sua contemplação do espelho d'água, não se dão conta de que Jesus está no meio deles; passando entre eles, pronto para socorrer, para mudar sua sorte. Tão proximos da bênção! Prontos para correr atrás dela, ao primeiro sinal do sobrenatural; e no entanto, sempre ultrapassados em sua tentativa. Não percebem que, em sua obstinada busca pela bênção, o Abençoador está bem mais perto do que imaginam.


Concluo, citando a primeira estrofe do hino composto e cantado pelo Pastor Jorge Camargo - nosso SD do Distrito de Cachoeiro do Itapemirim:



"Não vou correr atrás da minha bênção;

mas vou na frente, confiante no Senhor.

Quem corre atrás; corre, cansa e não alcança;

pois quer a bênção, não o Abençoador".



Cordialmente;
Bispo Calegari

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