quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Momento decisivo

Tenho sido um grande admirador das músicas do J. Neto; tanto pela sua leveza e interpretação, como pelo seu conteúdo. O estribilho de uma delas - "...me dê uma nova chance, eu quero ser como antes..." - revela-se de uma relevância admirável; é que, ao mesmo tempo em que clama por uma nova chance, proclama o desejo de voltar a viver uma vida abençoada e valorizada, tanto diante de Deus como diante dos homens.

E a história bíblica que aqui focalizo tem tudo a ver com isso.

No evangelho segundo João, no capítulo 8:1-12, encontramos o relato sobre uma mulher pega em adultério. Uma condenação sumária está em curso, com base em uma lei antiga. A sentença já estava prevista: Pena de morte por apedrejamento. A mulher era o foco da acusação, mas seus acusadores não eram isentos de culpa. Ela era pecadora; mas seus acusadores não eram santos... Era culpada; mas seus algozes não eram inocentes... Tratava-se de uma condenada; mas seus juízes não eram justos... Enfim, uma história como muitas; daquelas em que réus e autores convivem com a mesma miséria; com a mesma injustiça; mas que, embora merecedores do mesmo castigo, uns saem ilesos e outros não.

Um Destino nada favorável

Lá ia a infeliz mulher - humilhada e cabisbaixa, bem à frente da "procissão dos justos". Todos, ou quase todos, a uma voz, clamavam pelo justiçamento dela. Sim, naquele dia, a honra dos homens ofendidos seria lavada com o sangue daquela infeliz criatura! Sua sentença estava decretada e seu apedrejamento era uma questão de minutos. E lá ia ela, sem futuro e sem rota de fuga. Já condenada; pré-apedrejada pelos apupos e xingamentos de todos. Infeliz!

Uma Nova Chance para uma Nova Vida

Este era o trágico final de uma pecadora, que teve a infelicidade de ser pega no ato pecaminoso, sem chance de defesa. Na verdade, os que vivem em pecado sujeitam-se as mais duras penas; nesta vida e na outra. Ocorre que, no caminho para o "pátio dos condenados", alguém iria fazer a diferença: Lá estava Jesus! Seus algozes, implacáveis críticos que eram do Senhor, resolveram "matar dois coelhos com uma só paulada": Por que não armar uma "pegadinha" contra o Messias? "E agora, Mestre; cumprimos ou não a lei"?

Todos somos réus dignos de morte - só existe um juiz

Até que ponto "brincar", escrevendo na areia, é mais importante do que tão dramática questão? Pois é, Jesus agiu assim! Existem momentos na vida em que as atitudes "sérias" dos homens mais parecem uma paródia de péssimo gosto. E Jesus deve ter percebido isso, pois não se deixa enganar pelo "zelo" dos hipócritas! Ao ser novamente inquirido pelos tais, respondeu sinteticamente: "Aquele que, dentre vós, estiver sem pecado, que atire a primeira pedra". E continuou a fazer o que estava fazendo: Escrevia na areia (como eu gostaria de ter lido aqueles escritos! Que verdade eles revelariam?

A mulher teve sua nova chance

Todos começaram a retirar-se. Primeiramente os mais velhos, discretamente; não tão convencidos de suas supostas intenções. Depois deles, os mais jovens; não tão convencidos dar "verdades" que os mais antigos julgavam defender ao condenarem aquela pobre mulher. E só ficou a mulher. Muitas vezes, um habilidoso advogado consegue livrar um réu confesso, mesmo reconhecendo sua culpa. E Jesus é o "Advogado Fiel", conforme proclama o abençoado compositor wesleyano Anderson Freire, na música do mesmo nome, cantada por Bruna Carla.

Mas a mulher não poderia mais ser como antes

"Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor" (João 8.10-11). Era só ela e Jesus. Sua salvação estava garantida! É assim mesmo: Quando alguém tem um encontro decisivo com Jesus, sua vida não pode ser mais a mesma. "Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais" (João 8.11) - finalizou Jesus sua participação no episódio. E aquela mulher já não seria mais a mesma; nem esqueceria jamais aquele momento decisivo.

Cordialmente;
Bispo Calegari

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