terça-feira, 29 de junho de 2010

No Reino de Deus, a capacidade define o talento

"Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens; e a um deu cinco talentos; e a outro, dois; e a outro, um; a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe" (Mateus 25.14-15).

No mundo do futebol, conhecemos a história de vários craques, exímios jogadores, quase singulares em sua categoria, que não resistiram ao problemas colaterais causados pela fama e riqueza, produzidas por seu talento. Na verdade, sua capacidade posta à prova, em meio ao brilho de suas conquistas, não resistiu, levando-os à ruina. Tal e qual um fino bibelô que se quebra ao cair, estes talentosos atletas não conseguiram se sustentar, devido a incapacidade de conviver com a fama, com o sucesso. Nessa modalidade, são famosos os casos de condicionamento perseverante de alguns jogadores, modelos de equilibrio, levando-os a uma vida longa e próspera. São também rumorosos, (para não dizermos escandalosos), casos de atletas envolvidos com mulheres e drogas, destruindo assim seu lar e fortuna.

Quando Jesus diz, na parábola em foco, que o talento foi distribuido pelo Senhor aos seus servos segundo a sua capacidade, este critério está longe de ser preconceituoso ou discriminatório. Trata-se na verdade de medida de preservação daqueles por quem Ele morreu na cruz. O pior desastre que pode suceder a alguem despreparado para alguma coisa (poder, fama, dinheiro, etc), é ser possuidor daquilo para o que não está devidamente preparado; seja no sentido espiritual, seja no sentido moral, seja no sentido psicológico.

Se observarmos o foco de muitas pregações em nossos dias, vamos encontrar uma ênfase repetitiva em torno do "direito" que temos, para obter "qualquer coisa" em nome do Senhor. Afirma-se aqui e ali, em diapasão crescente e destoante com a bíblia, que podemos "reinar"; podemos ser os "mais prósperos" do lugar em que moramos; os "mais ricos", etc. Alguns pregadores estão procurando reduzir a grandeza do evangelho a um "balcão de promoções".

Quero antecipar aqui que, se não sou defensor da "teologia da prosperidade"; de igual modo, também não sou defensor da "teologia da miséria". Sabemos perfeitamente que nosso Deus é um Deus de promessas. O que percebo, porém, é que em alguns lugares parece não haver espaço para outras ministrações. A idéia passada é que, se não formos os mais saudáveis, os mais prósperos, os mais bem sucedidos, é porque não temos fé. E que, devido a isso, Deus não está nos "premiando". A idéia crescente é que a ousadia do crente está acima da santidade do crente. E nesta insana ousadia, chegam a dizer que Deus "tem que fazer, porque Ele é fiel". No entanto, ao examinarmos cuidadosamente as Escrituras, percebemos que o foco de Deus não é a fidelidade dEle - mas sim a nossa fidelidade. Na verdade, Ele é sempre fiel, pois, não pode negar-se a si mesmo (2 Timóteo 2.13).

É fato comprovado nas Escrituras, que a prioridade em seu reino não é o nosso enriquecimento ou a nossa saúde, e sim a nossa entrega, nossa disponibilidade e serventia para a Sua obra. E que seus talentos não são negociáveis com base na fé; e sim distribuidos segundo a capacidade de cada um, capacidade esta que inclui também a fé entre seus componentes. A Palavra afirma que, mesmo possuindo uma fé capaz de proezas em Seu nome, se não tivermos amor, seremos como o sino que soa... barulho sem conteúdo (1 Coríntios 13.2). O que se verifica hoje é que, para muitos, o conceito de vida cristã autêntica tem muito mais a ver com o "ter" do que com o "ser". E isso é preocupante. Pretendemos continuar com este assunto em outra ocasião, focando especificamente o obreiro do Senhor.

Cordialmente;

Bispo Calegari

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